sábado, março 1

Sem título. Odeio títulos.

ela esqueceu das cores que ele gostava mais.
pegou um papel pra pintar de branco seus pensamentos.
ela usa o branco p/ q dps nao consiga ver mais nda doq fez.
desceu.
foi ateh a varanda.
olhou pro lado direito.
olhou pra cima.
olhou pro lado direito.
deu um passo.
subiu a escada cinza devagar.
sentia frio.
sentia calor.
nao sentia nda.
seus dedos não transmitiam nenhuma sensação.
olhou pra suas mãos.
seus dedos compridos e suas unhas roidas nao podiam nem machuca-la.
se eles ao menos pudessem machuca-la.
pra ela ver que qlqr dor nao era maior que a que ela havia sentido qndo ele saiu.
havia um canto.
o resto nao havia.
havia restos.
havia imperfeição.
uma perfeita imperfeição.
tão perfeita qnto aquele canto cor de rosa.
e ela caminhou na mesma direção.
e encostou-se, e arrastou-se, e ajoelhou-se.
e levantou-se.
e encostou-se, e deslizou pelas paredes sem cor.
então abraçou-se.
e chorou.
chorou-se.
e secou.
secou-se.
e não havia mais oq chorar.
entao sorriu.
e levantou-se.
e abriu a janela invisivel do canto que ja nao tinha mais cor.
e fechou.
o sangue escorria pelo seu rosto, como se fosse gotas de orvalho da rosa branca que murchou.
olhou para cima.
e ali estava mais uma vez.
sem saber.
sem sentir.
sem pensar.
sem dizer.
sem viver.
nao vivia.
nem ao menos sobrevivia.
apenas existia.
e existiu.
e esqueceu-se.
e foi esquecida.
e lembrou doq havia de esquecer por alguns anos mais.
e chorou.
chorou mais.
não qria deixar de chorar.
e qria deixar de estar ali.
não qria que ngm a visse.
e sofria, pq as paredes a viam.
qria morrer, sem nenhuma cor que pudesse tornar akilo mais afavel.
entao morreu-se.
e pode entao nao sofrer mais.


desenterrado de 2005.

2 comentários:

cana e açúcar disse...

Eu tbm odeio títulos, mas só não os posto. :)

cana e açúcar disse...

eu senti ela, pude ve-la se movimentando, e chorando,e levantando e o canto cor de rosa. Acho q a morte tb é um sonho confortável sem pesadelos.Pq nao?